A placa “temos iPhone grátis” nunca existiu, mas poderia ser ela a responsável por atrair todos aqueles fãs (ou quase fãs) da Apple para o lançamento do iPhone 4, à 0h desta sexta-feira (17). Na fila da TIM do shopping Eldorado, engrossando as estatísticas de quem não podia esperar, estava a autora deste texto. Em sua biografia, até então, não constava nenhum smartphone da Apple, mas diversas piadinhas sobre aqueles que encaram horas de fila por um novo iPhone/iPod/iPad. Após quatro horas de espera na madrugada e com um iPhone 4 na mão, é definitivamente hora de atualizar essa biografia.
Chegou!
A chegada ao Eldorado, às 22h de quinta-feira (16), assustou. Eu, que havia planejado durante semanas a compra do smartphone, desisti assim que vi a quantidade de gente. Aquela hora, a assessoria de imprensa da TIM calculava 300 pessoas enfileiradas para o lançamento do iPhone 4. E a cada minuto, mais gente chegava. “A fila é pra quê?” perguntou um desavisado, para espanto de quem se programava, há dias, para a data de estreia. Sim, porque iPhone que se preze não chega às lojas; iPhone estreia. É nisso que acreditam Steve Jobs e seus fiéis seguidores.
Antes de a loja abrir para o público, houve desencontro de informações. Um dizia que a TIM poderia ficar aberta até o último cliente (oi, prazer, Juliana). Outro falava que o estabelecimento deveria ser fechado às 2h. Fato é que, para alegria e cansaço de quem fez questão de esperar, a operadora conseguiu atender a todos os clientes até 4h40. Quem queria o iPhone 4 de 32 GB, no entanto, se deu bem caso tenha sido atendido até 1h07; depois disso, o jeito foi se contentar com o modelo de 16 GB.
A fila gigantesca tornou-se apenas uma fila pouco depois da 0h30, quando a atriz global Carol Castro sorteou um iPhone de 16 GB -- concorriam somente aqueles que tivessem se cadastrado no site e recebido um e-mail marketing da TIM. Muitos estavam lá apenas para o sorteio e foram embora quando perderam o prêmio para o publicitário Leonardo Barbosa, 26. “Vim acompanhar meu amigo. Ele falou para eu vir junto porque daria sorte.” Logo depois da declaração, ele atendeu a uma ligação em seu iPhone “velho” e contou a novidade. “Sabe aquela atriz, a Carol Castro? Foi ela que me entregou o iPhone.”
Passados os flashes e entrevistas com o vencedor, as atenções e câmeras voltaram-se novamente para Rafael Falcão, 29, o primeiro da fila. O então dono de um iPhone 3GS chegou à loja às 17h e se irritou quando, depois da meia noite, o vendedor lhe disse que não tinha o modelo de 32 GB. Rafael reclamou e, em minutos, recebeu das mãos da gerente de marketing da TIM o aparelho que queria. “Foi só um mal entendido”, explicou Karla Garcia.
Apesar de ser oficialmente o primeiro, Rafael teve de ceder seu cobiçado lugar pouco antes de as vendas começarem. Weuma de Sousa Costa, 28, foi comprar o celular para o marido e teve prioridade por estar grávida de quatro meses. “Se eu soubesse, teria vindo maquiada”, disse antes da foto.
em tinha a resposta para a pergunta eram meus próprios companheiros de fila. O médico ortopedista Rodrigo Meira, 31, garantiu que valia a pena. Applemaníaco, ele aposta que minha implicância com o software iTunes passará e que o serviço de sincronização MobileMe será a melhor coisa na história de minha agenda de contatos. Palavra de quem tem um iPod, dois iPhones, um Mac e saiu de casa 0h05 para não perder o lançamento.
Atriz global Carol Castro participou do lançamento do smartphone. Dona de um iPhone 3GS, ela afirmou que compraria o novo modelo da Apple
Também entusiasmado, Rafael Medeiros, 25, disse já ter convertido diversas pessoas para o universo Apple. “É a melhor coisa do mundo”, declarou, sem medo de exagerar. Entre meus companheiros de final de fila havia também um cachorro shitsu, que acompanhou sua dona na empreitada pelo iPhone 4.
Felizmente a fila anda e, depois das 4h, ao me sentar de frente para Layra, perguntei quais os planos ela tinha para oferecer. Sim, porque até a noite de quinta, a TIM não havia divulgado em seu site todas as opções. Àquela altura, no entanto, na hipótese de Layra me perguntar “você troca seu Vivo pré-pago e Nextel com 400 minutos por qualquer plano, só para ter o novo iPhone?”, a provável resposta seria “siiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiim”. “Você vai se arrepender de ter trocado 400 minutos por 20 minutos de ligação, pagando o mesmo preço?” “Nãããããããããããão.”
Negócio fechado, peguei a caixinha com o objeto de desejo e finalmente saí da loja. No elevador, dois funcionários do shopping perguntam sobre o lançamento e eu confirmo o valor do aparelho. “Mas esse é o preço de um computador!”, retruca um deles. Faço cara de paisagem e, no caminho para o estacionamento, torço para que eu acabe dando razão aos applemaníacos e não àquilo que ouvi no elevador.
